segunda-feira, 25 de junho de 2012

COMUNICADO DE IMPRENSA DA COMISSÃO DO MANIFESTO DO PROTECTORADO DA LUNDA SOBRE O SENTIDO DE VOTO NAS ELEIÇÕES NO DIA 31 DE AGOSTO DE 2012 EM ANGOLA.



COMUNICADO DE IMPRENSA DA COMISSÃO DO MANIFESTO DO PROTECTORADO DA LUNDA SOBRE O SENTIDO DE VOTO NAS ELEIÇÕES NO DIA 31 DE AGOSTO DE 2012 EM ANGOLA.



O presente Comunicado serve para clarificar as inquietações que tem estado a surgir no seio da sociedade sobre a posição da Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe, em Angola quanto ao processo eleitoral em curso, que culminará dia 31 de Agosto próximo, com a realização das eleições gerais (legislativa e Presidências simultâneas com o candidato Presidente cabeça de Lista da formação Partidária concorrente ao pleito, de acordo com a nova constituição aprovada em 2010).


Pelas responsabilidades socio políticas e históricas que a
CMJSPLT tem no processo de democratização em Angola e particularmente dentro da Nação Lunda Tchokwe, a Direcção da CMJSPLT não se demite da sua condição de uma parte importante do mosaico etnolinguístico dos retalhos que formam a Angola actual e responsável, sério e com sentido de Estado, por isso, esclarece a Comunidade Nacional Angolana, a Comunidade Internacional e a População da NAÇÃO LUNDA TCHOKWE (Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte) sobre a participação do nosso povo no presente processo eleitoral, evitando desse modo todo o género de informações enganosas, que têm como objectivo confundir os eleitores.


A revindicação pacificação da nossa causa é da providência divina. Imploramos aos angolanos aceitarem a nossa revindicação e a expropriação sem vingança daquele território. A difícil tarefa com que estamos devotados e comprometidos, será doravante vencida. A nossa pereníssima revindicação terá um fim vitorioso com ajuda das aspirações dos nossos antepassados, a quem invocamos afincadamente todos os dias.


Os porta-vozes desta honrosa missão não são fracos, nem cobardes. Temos do nosso lado um povo historicamente capaz e valente, munido duma força transcendental, capazes de vencer todas as formas caprichosas da vossa heresia política, destinado a destruir-nos num espaço que Deus nos concedeu, mas a vitória não é apenas um acto dos gigantes nem dos ricos.


Nós estamos empenhados numa árdua luta pela liberdade e justiça social do nosso povo, repor a legalidade de um direito que a mãe natureza nos concedeu. Não conhecemos outra forma menos violenta de reclamar um direito, que não seja todas as tentativas e recursos de “Diálogo” por nós usados; enviamos petições; suplicamos; prostramo-nos perante o trono de LUANDA, implorámos a sua intervenção para deter as mãos tirânicas do terrorismo de Estado Angolano contra os filhos da Nação Lunda Tchokwe, reclamamos perante, o Sr Presidente José Eduardo dos Santos, tudo caiu a fracasso, e fomos desdenhados, retaliados com detenções, prisões arbitrárias, sem julgamento, ignorados, parece que depois de tudo isso querem mostrarem ao mundo que vós sois do eixo do bem.


Porém aproxima-se as eleições em Angola onde os filhos da Nação Lunda Tchokwe são chamados a legitimar os vossos poderes, querendo ou não, pelo que respeitamos o direito a liberdade individual.


Mas perante o facto, vamo-nos fazer presente ao acto cívico para manifestarmos o nosso “Descontentamento” e a ilegalidade da vossa permanência no território da Nação Lunda Tchokwe; o nosso povo será orientado e votará sabiamente a favor dos vossos opositores políticos, se não usardes métodos fraudulentos, vereis que a vossa representação parlamentar naqueles círculos eleitorais resultará em nada para vós.


Esse gesto de conservarmos o ideal pelo qual nós todos estamos a lutar, não deixaremos de nos acobardar pelas vossas corrupções, intimidações de milícias e assassinatos esporádicas do nosso martirizado povo. Contrariamente a isso saberão retaliar e os vossos vampiros saíram derrotados e esmagarão com todos os vossos interesses económicos naquele território ilegalmente ocupado e pilhado, como um corpo inerte tal como disse o nacionalista angolano António Agostinho Neto.


O nosso glorioso objectivo desta contestação será alcançado por qualquer preço; mais ainda aconselhamos que o governo dirigido pelo Presidente José Eduardo dos Santos, Reveja as modalidades de Negociarmos a questão da Lunda para impedir que a ira deste povo caía sobre vós e ao vosso povo.


A nossa revindicação legítima do nosso direito natural, não é um mero incidente como as revindicações de 1848 na Europa.


 Nós continuamos a clamar e a implorarmos a Revindicação da Autonomia Administrativa, Económica e Jurídica da Nação Lunda Tchokwe mais sem sucesso. Já reafirmamos a nossa posição na comunidade nacional e internacional aos protagonistas do Protectorado, nomeadamente Portugal, França, Inglaterra, Bélgica e Vaticano, estes aguardam o pronunciamento de Angola na primeira estância e consequentemente de Portugal.


 A questão já ultrapassou a dimensão das intimidações, perseguições e eliminação física de figuras singulares da liderança do Manifesto. Este agora é um assunto que envolve todos os filhos Lunda Tchokwe e a comunidade Internacional ONU, União Europeia e a União Africana. Até porque vamos recordar ao Sr. Presidente que outrora a vossa luta de libertação de Angola e contra vossos adversários políticos internos, o povo Lunda Tchokwe foi o expoente máximo da vossa vangloriosa vitória.


Irmãos Angolanos, o sínico silêncio do regime de LUANDA não mostra a vontade Negocial sobre a Autonomia da Lunda Tchokwe que até por sinal, a autonomia está plasmado no primeiro estatuto do MPLA 1965 – 1977, que o congresso da transformação do MPLA em Partido de Trabalho sob olhar silencioso do Marxismo-Leninismo, o veio alterar.


O NOSSO POVO EM OBEDIÊNCIA A CMJSPLT VAI SALVAGUARDAR A SUA PARTICIPAÇÃO COMO ACTO DE PROTESTAR E orientar o sentido de voto a favor de um Partido da oposição politica angolana que no devido momento será anunciado, a CMJSPLT estará assim empenhada em contribuir de forma positiva, para que as Eleições que se avizinham sejam realmente livres, transparentes, justas, pacíficas e credíveis, como única forma de aferir á vontade Soberana também do POVO LUNDA TCHOKWE.


Luanda, aos 22 de Junho de 2012.-


Comité Executivo Nacional do Manifesto do
Protectorado da Lunda Tchokwe

domingo, 24 de junho de 2012

A LUTA DA NAÇÃO LUNDA SILENCIADA NA INFORMAÇÃO AO SERVIÇO DOS GOVERNOS



Leia mais em PÁGINA GLOBAL



O Página Global tem abraçado a divulgação da luta da Nação Lunda pela autonomia como opção alternativa de dar voz aos que são relegados para o silêncio pelas Agências de Informação que servem fielmente os objetivos traçados por governos que nos deixam sérias dúvidas sobre as suas práticas democráticas.

Ao serviço desses governos encontramos chamados jornalistas que recheiam a comunicação social em postura de atentos, venerandos e obrigados a serem meros escribas de “verdades” oficiais de sistemas políticos degradantes e desrespeitosos do direito de formar e informar que deve sempre assistir os que compõem as redações de órgão de comunicação social. A nosso ver a luta pacifica e até hoje perceptivelmente democrática em defesa da Nação Lunda tem tido por destino o silencio das agências de informação de Angola e/ou de Portugal. Nada de novo nesta atitude porque o servilismo da Angop e da Lusa é por demais conhecido em relação ao governo corrupto e assassino de JES-MPLA. Só não calam o que é por demais evidente ser impossível de calar.

Esses escribas, operativos constituintes dessas e de outras agências, tementes de “perderem os empregos”, vêm adulterando de forma grave os seus desempenhos profissionais, cometendo o pecado de contribuírem para muitos dos défices de democracia que constatamos existirem em imensos países do mundo. E em Angola também,  principalmente. Jornalistas?

Por todo este fim de semana o Página Global vai libertar e publicar textos de divulgação referentes à Nação Lunda que acumulámos por via de anomalias que tivemos e nos dificultavam o manuseamento do blogue. Por essa razão pedimos aos nossos leitores que não estranhem deparar com textos mais longos do que é habitual. Sugerimos que se interessem em compreender a luta pela autonomia da Nação Lunda. (Redação PG)
http://paginaglobal.blogspot.com/search/label/ANGOLA

sexta-feira, 22 de junho de 2012

MPLA ACENA COM FANTASMA DA GUERRA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Uma coisa a que só com muito, mas mesmo muito, esforço se poderá chamar jornal, e que dá pelo nome de “Factual” diz numa das suas edições: “Kamalata Numa com saudades pretende voltar à guerra”.


Poderiam, ao menos, ser originais. Mas nem sequer conseguem. Os mestres do Jornal de Angola e do MPLA (são uma e a mesma coisa) não ensinaram mais e, por isso, todos não conseguem contar até 12 sem terem de se descalçar.


Há pouco mais de um ano, o secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão Pinto de Andrade, afirmava que as armas e munições encontradas no navio americano Maersk Constellation, retido no Lobito, pertenciam à UNITA, apesar de se destinarem ao Quénia.


De quando em vez, ou seja sempre que dá jeito, o regime angolano faz destas descobertas.


Já em Fevereiro de 2008, numa entrevista à LAC - Luanda Antena Comercial, o então ministro da Defesa angolano, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra.


Kundi Paihama afirmou na altura, ao seu melhor e habitual estilo, que os antigos militares do MPLA, "se têm armas", não é para "fazer mal a ninguém" mas sim "para ir à caça".


Alguém sabe se esses antigos militares caçadores já devolveram as armas? Não. Ninguém sabe até porque essas armas ao estarem na posse de gente do regime estão, obviamente, em boas mãos.


Quanto aos antigos militares da UNITA, o governante disse que a conversa era outra, e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto.


Importa por isso perguntar: Então malta da UNITA? O que é que é isso? Têm para aí um arsenal de metralhadoras debaixo da cama para quê? Não é para caçar, com certeza. E julgavam vocês que os Kundi Paihamas do regime não descobriam? Francamente...


Na entrevista à LAC, citada pelo site Angonotícias, Kundi Paihama disse textualmente: "Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas".


Disse e é verdade. Todos sabemos que o meu amigo Alcides Sakala, por exemplo, tem na sua secretária 925 Kalashnikov, para além de 423 mísseis Stinguer.


E o meu amigo Lukamba Gato? Da última vez que estive com ele trazia na mala aí uns 14 órgãos Staline (a mim pareceu-me serem mais uns katyushas), para além de me ter mostrado no porta bagagens do carro, oito tanques Merkava de fabrico israelita.


"Eu tenho muitos dados na qualidade de Ministro da Defesa (...) mas não posso revelar publicamente", indiciou o ministro da Defesa, que disse ainda acreditar que há dirigentes da UNITA interessados num regresso à guerra. Recordam-se?


O ministro da Defesa não pode, disse, revelar o que sabe. No entanto, o Alto Hama está em condições de revelar o que Kundi Paihama sabe. Para além dos casos referidos (Sakala e Gato), Isaías Samakuva nunca sai à rua sem levar no bolso três tanques ucranianos, modelo T-84.


Adalberto da Costa Júnior esconde no seu fato, de puro corte inglês, pelo menos sete mísseis norte-americanos Avenger.


O melhor é ficar por aqui. É que Kundi Paihama também sabe que eu tenho um tanque alemão Leopard 2 na minha cozinha, disfarçado de máquina de lavar louça...


Tal como mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo. Além disso, nos areópagos internacionais vai deixando a mensagem de que ainda existem por todo o país bandos armados que precisam de ser neutralizados e outros que estão ansiosos por voltar aos tiros.


Aliás, como também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil.


E, como também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em contrário.


Por alguma razão o regime reactivou as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de Luanda e nas capitais provinciais, estando tudo pronto para, inclusive, distribuir armamento ligeiro aos seus efectivos para defesa da população civil.


Por alguma razão Bento Bento acusa a UNITA de liderar, em aliança com alguns partidos da oposição, nomeadamente o Bloco Democrático e alguns Partidos da Oposição Civil (POC's), um plano para "derrubar o MPLA e o seu líder, José Eduardo dos Santos".


Segundo Bento Bento, o plano tem em vista unicamente "sabotar a realização das próximas eleições em Angola". "Infelizmente entre os executores dessa conjura consta um deputado, que de manhã à noite instiga a sublevação contra as instituições, contra as autoridades e contra o MPLA, o senhor Makuta Nkondo", acusou ainda o político.

Nesse sentido, Bento Bento pediu aos militantes do seu partido para que controlem "milimetricamente" todas as acções da oposição, em especial da UNITA, para não serem "surpreendidos".


Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, a possibilidade de alguma mudança, o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA a governar o país.


Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros, o MPLA aposta forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.


* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

PARTE III - A EVOLUÇÃO POLÍTICA DE AFRICA E A LUNDA 1884 – 1891


PARTE III - A EVOLUÇÃO POLÍTICA DE AFRICA E A LUNDA 1884 – 1891




3.- A CONFERÊNCIA DE BERLIM OU AFRICANA
3.1.- OS PRETEXTO DE GRANVILLE PARA NÃO RATIFICAR O TRATADO DO CONGO (ZAIRE)

Era esta a conjuntura internacional quando se reuniu a Conferência de Berlim, também conhecida de conferência Africana. Desde logo a questão sobre a LUNDA não foi tratada na conferência de Berlim, porque nem em Portugal, nem no resto da Europa havia conhecimento da existência de ocupações coloniais nas terras do Muatiânvua, que se manteve livre e independente.


No dia 9 de Maio de 1884, GRANVILLE comunicava ao ministro português em Londres que o embaixador alemão lhe confidenciara que as câmaras de comércio alemãs estavam a fazer representações contra o Tratado e que BISMARK anunciara que ia «fazer da questão do Congo (Zaire) o objecto de um acordo internacional» (21). Por isso, dizia o primeiro-ministro britânico que não poderia o TRATADO ser discutido nas Câmaras sem se arredarem antes as dificuldades que a França, a Alemanha e o rei Leopoldo estava levantando (22). Sugeriu, então, em 12 de Maio, o Governo de Portugal ao de Inglaterra que se convocasse uma conferência para resolver, por comum ACORDO DOS INTERESSADOS, a questão do Congo (Zaire) e os problemas decorrentes do tratado (23).


No dia seguinte o Ministro dos negócios estrangeiros português fazia expedir uma CIRCULAR para todas as legações a fim de elas proporem uma conferência internacional sobre assuntos AFRICANOS. Mas a este alvitre não chegou nunca a Inglaterra a responder.


Em abril já o príncipe BISMARK se entendera com FERRY a manifestar-lhe a sua oposição à efectivação das cláusulas do Tratado do Congo (Zaire).  Em 18 de Junho o Marquês de Penafiel, ministro de Portugal em Berlim, informava, por telegrama, o ministro dos negócios estrangeiros JOSÉ VICENTE BARBOSA DU BOCAGE (que foi plenipotenciário português no contencioso da questão da Lunda 1885-1894 com a Bélgica, assunto que será tratado depois de concluirmos esta matéria da evolução politica de Africa e a Lunda), de que o Governo Alemão lhe manifestara o seu desacordo às disposições do tratado e a opinião de se reunir uma conferência para se regular a questão do CONGO (24).


No dia 20, dois dias depois, o ministro português em Londres comunicava por via telegráfico que GRANVILLE lhe dera conhecimento da posição de Bismark perante o Tratado e que encarregaria o ministro da Inglaterra em Lisboa de dar a conhecer ao Governo Português o ponto de vista do CHANCELER (25).


Efectivamente, PETRE, ministro da Inglaterra em Lisboa, em 24 de Junho, pessoalmente, e quatro dias depois, por escrito, levava ao conhecimento de J.V. Barbosa du Bocage que, perante as objecções levantadas pelas Potências, seria inútil a ractificação do TRATADO de 26 de Fevereiro.


3.2.- OS DIÁLOGOS DE VARZIM


O programa da Conferência foi combinado entre a Alemanha e a França. BISMARK, em 11 de Agosto de 1884, propôs a FERRY a adopção de princípios comuns para a resolução dos problemas do Congo e para a fixação do regime político dos territórios das duas costas da África ainda não ocupados pelas Potências europeias.


A França respondeu às aberturas da Alemanha, e as entrevistas vieram a ter lugar entre Bismark e o barão de COURCEL, embaixador francês em Berlim, em 26 e 27 do mesmo mês de Agosto, em Varzim, nos arredores da capital germânica. Desses encontros resultou uma unidade de entendimento quanto aos seguintes pontos:


«1.º Liberdade de comércio na bacia e nas embocaduras do Congo (Zaire);
2.º Aplicação ao Congo (Zaire) e ao Níger dos princípios adoptados pelo congresso de Viena, tendentes a consagrar a liberdade da navegação sobre vários cursos de águas internacionais (…);
3.º Definição das formalidades a observar para que as ocupações novas nas costas de África fossem consideradas como efectivas.» (26)


O terceiro ponto tinha por objecto contrariar as ocupações que a Inglaterra pretendia no golfo da Guiné, em prejuízo da França, e no Sudoeste Africano, contra os interesses da Alemanha, e ao mesmo tempo obstar aos interesses da expansão territorial da Associação e aos interesses de Portugal (que ele considerava históricos, desde quando?) (27).


Em VARZIM, Bismark apresentou a ideia da convocação de uma conferência internacional para a consagração dos pontos acordados. A França concordou. O Chanceler propôs, por deferência, que a conferência se reunisse em Paris. A França insistiu por BERLIM, mas foi a Alemanha, para não comprometer a França, que dirigiu os convites.


3.3.- A ABERTURA DA CONFERÊNCIA


A Inglaterra só aceitou participar na conferência em fins de Outubro, depois de ter sido esclarecida sobre o seu programa. Portugal recebeu, em 12 de Outubro, de SCHMIDTHAIS, ministro da Alemanha em Lisboa, o convite alemão, que foi aceite três dias depois, sem reservas.


No dia 15 de Novembro de 1884, na capital alemã, iniciou a almejada CONFERÊNCIA INTERNACIONAL AFRICANA, os seus trabalhos sob a presidência de Bismark, que fez um discurso breve. Depois de agradecer às Potências terem acedido ao convite alemão, expôs a traços largos o programa da conferência.


3.3.1.- PAISES PRESENTES NA CONFERÊNCIA DE BERLIM


Estavam presentes os plenipotenciários da Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grã-Bretanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Rússia, Reino da Suécia e Noruega e Turquia.


Se e que a Conferência de Berlim foi convocada para consagrar todos os princípios defendidos nos diálogos de Varzim, a verdade é que ela foi quase inteiramente absorvida pela preocupação de tornar a Associação num Estado Independente em Africa, e não foi encerrada sem todas as Potências representadas, menos a TURQUIA, reconhecerem o pavilhão da obra do rei dos Belgas como o de um Governo Amigo.


A Conferência demorou até 26 de Fevereiro de 1885 e teve uma dezena de sessões plenárias.


Esta demora deveu-se apenas às longas negociações em que os agentes da Associação andaram empenhadas para obter das várias Potências o reconhecimento da sua bandeira. Foi nos bastidores que a diplomacia inigualável de LEOPOLDO conseguiu a criação do Estado do Congo. Ele mesmo levou BISMARK a presidir à conferência, embora o não tivesse demovido da convicção de que «SEM ESQUADRA E SEM CAPITAIS FICARIA DEPENDENTE O ULTRAMAR DA BOA VONTADE E DAS CONTINGÊNCIA DA POLITICA DA POTÊNCIA QUE DOMINASSE OS MARES; E ISSO NÃO LHE AGRADAVA» (28).


Talvez por isso e porque a autoridade do Chanceler nunca deixou de fazer-se sentir na Conferência, é que LORD GREY of Fallodon teria dito ao embaixador alemão que, «se Bismark tivesse querido, teriam passado para a Alemanha os territórios que foram atribuídos à Bélgica (G.P., vol. XXIX p.202)» (29).



A França prometera Leopoldo II a preferência sobre os territórios que revertessem em seu favor a 300 Km da costa; aos Estados Unidos de América a liberdade económica. (Continuará)…

domingo, 17 de junho de 2012

Os diamantes da Lunda não valem, nem para construir a estrada entre Xá-Muteba até Saurimo


EMPRESAS DE DIAMANTES DA ELITE MILITAR E DIRIGENTES DO MPLA NA LUNDA FACTURAM MAIS DE 800 MILHÕES DE DOLARES POR ANO







Os diamantes da Lunda não valem, nem para construir a estrada entre Xá-Muteba até Saurimo, veja agora a informação que se segue, colhida de uma fonte fidedigna que acompanha o dossier “DIAMANTES EM ANGOLA”.


No dia 9 de Março de 2012, o senhor Presidente da Republica de Angola, Eng.º José Eduardo dos Santo, disse na cidade do Dundo que os diamantes produzidos na Lunda, não valiam absolutamente nada para a reconstrução deste território, disse que, era impossível construir a estrada entre Xá-Muteba até Saurimo, desta até ao Dundo ou Luena.


Existem 167 Projectos Mineiros a nível da Lunda, que são maioritariamente detidas pelos Generais, por MPLA, pela Família do Presidente e outras a companhias estrangeiras, tais como a fortemente THE BEARS, os Russos, Brasileiros, Portugueses etc.


Os projectos mais produtivos são Kamutue 1 e 2, produz 300 milhões de dólares/ano, Luó produz 228 milhões de dólares/ano a mina do MPLA, Kamatchiya e Kamajiko produzem 25 milhões de dólares/ano, Lumina produz 240 milhões de dólares/ano, o que perfaz um total de 793 milhões de dólares somente para estas minas.


A fonte que acompanha este processo, não forneceu os resultados dos Projectos CATOCA, TCHITOTOLO, SML, Projecto Cuango, Alto Cuilo, Projecto Luangue, Lunguena, etc., para citar alguns. Seguramente estes dados serão lançados proximamente e o valor estará para lá dos biliões anuais.

A filha do Presidente Angolano, ISABEL DOS SANTOS esta a prepara-se para atacar a última reserva das minas de diamantes no solo da Lunda, o kimberlito de KAYSHEPA, o mais importante na actualidade, que poderá vir a facturar mais de 150 milhões de dólares/mês ou seja 1,8 Bilhões de dólares ano. O valor desta mina, esta no seu diamante que é tudo JOIA 100%...


Segundo a mesma fonte, a produção da mina de KAMUTUE faria 45 anos de exploração, mas devido a exploração indiscriminada este tempo de vida diminuiu para 22 anos, a mesma sorte vai acontecer com o PROJECTO CATOCA, de 49 anos, a capacidade de exploração foi aumentada para diminuir a sua vida em 22 anos.


Na esteira desta exploração frenética e forçada do solo Lunda Tchokwe, não há políticas sobre a devastação do meio ambiente, para as consequências futuras que se espera.


O Presidente da Republica diz que, não há dinheiro para a reconstrução da Nação Lunda Tchokwe, mas houve para construção de grandes infraestruturas que apoiaram o CAN2010, alias nem sequer o regime se dignou em construir um estádio na região da Lunda, construção de Hotéis de alto luxo em Luanda, no geral, a região litoral (Huila, Benguela, Luanda e Cabinda), para a compra de Bancos e empresas em Portugal, até ajudar países e apoiar guerras Africanas, ignorando-se totalmente a LUNDA com tanto potencial económico.


Em toda a extensão da Lunda Tchokwe, não existe sequer um hotel de 4 estrelas ou um estabelecimento digno de receber uma comitiva internacional para uma conferência, por exemplo.


As próprias zonas de exploração, não tem estradas, Cafunfo, Cuango, Catoca, Nzaji, Lucapa, Alto Chicapa, Xamiquelengue, Calonda etc.,etc.


O orçamento Geral do Estado reservado em 2009/2010 para a Nação Tchokwe em Kwanzas, veja o quadro aprovado pela Assembleia Nacional foi o seguinte:


Kuando Kubango            10.008.375.672,00  ---- 0,32%
Moxico                          15.637.170.639,00-------0,49%
Lunda-Sul                       8.597.712.105,00-------0,27%
Lunda-Norte                  11.459.353.512,00-------0,36%


O que corresponde em USD 428.409.705,21 para o desenvolvimento das (4) Províncias com cerca de 32 municípios e uma serie de Comunas, Bairros e aldeias, contra 793 milhões anuais de um par de Projectos Mineiros de senhores Generais, MPLA e a família do Presidente, neste valor (793 MUSD), não inclui CATOCA, CHITOTOLO, SML, SMK e outros que aqui não mencionamos.


E no orçamento de 2012, reservado em USD 1.059.111.379,31 que seguramente será inferior sobre aquilo que é explorado no BIP bruto incluindo outras fontes da economia da mesma região da LUNDA Tchokwe.


KK--28.106.803.870,00-------------0,62%------------281.068.038,70
Mox-23.283.011.249,00-------------0,52%------------232.830.112,49
LN---23.103.228.458,00-------------0,51%------------231.032.284,58
LS---31.418.094.354,00-------------0,70%------------314.180.943,54

OBS: no câmbio de 1 USD =100,00 KZ


O povo Lunda Tchokwe vai continuar a enfrentar essas injustiças, humilhações, penalizações, exploração massiva do seu solo, dominação total e cruel do regime instalado em Luanda?..até quando?..as reivindicações civilizadas são respondidas com prisões e mortes, diante de um direito legítimo.  Os assassinatos nas Lundas silenciando seus povos enquanto se açambarcam os diamantes em benefício do mandante e de alguns dos seus generais....


O povo Lunda Tchokwe sabe que ninguém vai dar-nos o que queremos, temos que ser nós mesmo a lutar pelos nossos direitos e aspirações naturais. AFINAL A LUNDA ESTÁ AMORDAÇADA E A PRECISAR DE CADA UM DE NÓS.


POR SAMAJONE NA LUNDA


quinta-feira, 14 de junho de 2012

ACTIVISTAS DO MANIFESTO DA LUNDA SENTENCIADOS SEM A PRESENÇA DO ADVOGADO


TRIBUNAL DA LUNDA-NORTE, CONDENA ACTIVISTAS DO MANIFESTO DO PROTECTORADO DA LUNDA NA PENA DE UM ANO E SEIS MESES, SEM TEREM COMETIDO CRIME




No dia 13 de Fevereiro de 2012, no município do Lucapa, a Polícia local raptou 2 elementos membros e activistas do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda, trata-se dos Sr. Eugénio Mateus Sangoma Lopes e Alberto Mulozeno.

Fontes no local haviam comunicado a CMJSPL que um agente dos serviços secreto do regime estava infiltrado no secretariado Município do Manifesto, o Sr Orlando  que também foi raptado juntamente com os dois acima indicados (simulação do SINSE), que dias depois foi solto sem explicação.

Ontem dia 13 de Junho, o tribunal da Lunda-Norte, condenou os dois membros do Manifesto do Protectorado da Lunda a uma pena de um(1) ano e seis (6) meses, sem a presença dos Advogados de defesa , porque o Tribunal não os havia notificado sobre o julgamento.

Pesa sobre eles o crime de serem filhos da Lunda Tchokwe e pertencerem ao Movimento que reivindica a Autonomia Administrativa, económica e Jurídica.

Continuam ilegalmente presos, mais de (10) Activistas, todos com o crime de terem REIVINDICADO A AUTONOMIA DA LUNDA TCHOKWE, que o regime considera contra a segurança do estado, previsto no artigo 26º da Lei 7/78, revogado em 2010.

O poder judiciário angolano continua a ser manietado, sem capacidade para fazer justiça e defender o direito real e justo.

Infelizmente o Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda, vai continuar a sua luta pacifica, reivindicando o direito natural e legitimo do povo Lunda Tchokwe.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Muatchissengue Watembo Rei da Lunda no Colóquio sobre Direitos Humanos, Fundação Mário Soares, Lisboa Maio 2004


Muatchissengue Watembo Rei da Lunda no Colóquio sobre Direitos Humanos, Fundação Mário Soares, Lisboa Maio 2004

Declaração de Sua Majestade Rei Muatchissengue Watembo



8 Anos depois, o que mudou dentro da Nação Lunda?



Principal riqueza de uma região é o seu Povo. Mas, no Leste, o povo está a ser vítima da ganância pelos diamantes. Os sectores da saúde e da educação são os principais indicadores que reflectem a condição social de um povo e o nível de aplicação dos seus recursos para o bem-estar comum. Os pequenos indicadores que acima apresentei, demonstram que os filhos do Leste estão a ser lançados para a escuridão total do obscurantismo e da ignorância.


Por isso, às vezes, as pessoas em Luanda, dizem que os Tchokwes e outros povos da região são matumbos. Essa é a linguagem da capital de um suposto pais chamado Angola de invenção recente e de criação dos Portugueses sem consultar os Povos que aqui vivem. Os outros são matumbos, não é? Então se o governo não dá escolas aos Tchokwes, como é que podem estudar para deixarem de ser atrasados? Eu pergunto aos senhores que manipulam o dinheiro dos diamantes, dos petróleos e com o nosso destino se isto está certo? Na região Leste, mais de 88% das pessoas são analfabetas.


Como o soberano legítimo da Lunda-Tchokwe digo: não há sequer uma escola primária ou um posto médico, lá onde vivo. Os meus filhos não estudam. Amanhã receberão o meu poder tradicional sem qualquer educação. Isso é muito grave. Estou em crer que o mesmo acontece com os meus irmãos de Pungo-a-Ndongo, Ekuikui IV, a Nhakatolo Tchilombo e Bakongo.


Baixo a ocupação não desejável do MPLA, o desemprego ultrapassa os 90% da força de trabalho. Nas Lundas, as pessoas praticamente sobrevivem do garimpo ou da candonga de comprar mercadorias em Luanda e revender lá nas praças a preços exagerados. As Lundas são a região mais cara, por causa dos diamantes, apesar de serem as mais empobrecidas do país, ao lado do Moxico e Kuando-Kubango.


Os diamantes têm sido explorados no subsolo das Lundas, por parte da Endiama, Sociedade Mineira do Lucapa, Sociedade Mineira do CATOCA, Projecto Luô, SOMINOL, ASCORP, as dragas dos generais do exército do Regime não eleito do MPLA, os Ministros corruptos do Regime não eleito do MPLA e outros que operam nas áreas do Cafunfo, Cuango, Calonda, Lucapa, Nzaji, Chitotolo, Catoca, Cucumbi, Capenda-Camulemba, Cuilo e Luangue, para não citar outras localidades, serão para o bem das populações ou para os dirigentes do MPLA?


Tem-se falado muito na atribuição de 10% das receitas de imposto sobre a venda de diamantes para benefício das populações da região Leste. O povo não conhece a verdade sobre esse assunto, porque ninguém explica como é que se está a governar para o bem-estar das populações. A miséria é cada vez maior.


Por exemplo, o Hospital, em Saurimo, só faz consultas a olho nú. Praticamente não tem laboratório. Para se fazer um raio-X ou qualquer análise tem de se ir aos postos médicos privados ou dos missionários de Caluquembe. Para aqueles que trabalham no Catoca têm o privilégio do posto médico da empresa.


Outro exemplo é a instalação do núcleo universitário de Saurimo numa escola de professores do IIIº Nível. Pintaram a escola e puseram lá a correspondente da Universidade Agostinho Neto. Portanto, menos uma escola para dar lugar a outra. É como fazer funge sem conduto. No mundo inteiro não existe um povo sem cultura, usos e costumes como símbolos da sua dignidade humana, com que Deus abençoou cada grupo etnolinguístico.


A tradição Tchokwe é apreciada no mundo inteiro, menos em Luanda, onde praticamente só se aplaudem os cantores brasileiros e procura-se abafar aquilo que é a essência da nossa identidade. Basta verificar que o Museu do Dundo, que era um grande símbolo cultural do Leste, e de outras regiões em geral, está abandonado. Muitas peças de arte foram roubadas e vendidas na Europa.


Em Luanda, muita gente que se diz civilizada, estranha quando alguém fala Kikongo, Umbundu, Ibinda e outras línguas maternas. Dizem que são línguas do mato e de matumbos. O colono dizia que eram línguas de cão. Nos obrigam a falar apenas o português, com sotaque de Lisboa, como língua de unidade nacional de um pais imaginado e engendrado por eles sem conhecimento nem respeito pelas fronteiras e Povos Naturais Africanos.


Por isso é que estamos assim, sem rumo nem liderança que nos indique um caminho para o bem e para a harmonia entre todos os Africanos. O país artificial que temos é de improviso e para aqueles e rejeitam a cultura do seu próprio povo.


Eu, Muatchissengue Watembo como Rei, tenho o dever Constitucional Hereditário de Defender a cultura, tradição e Historia do Povo Lunda Tchokwe que Represento.