sexta-feira, 14 de outubro de 2016

ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS - Michelle Obama acusa Trump de “comportamento sexual predatório”

ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS - Michelle Obama acusa Trump de “comportamento sexual predatório”



A primeira-dama dos EUA diz que “a crença de que você pode fazer o que quiser a uma mulher é cruel, assustador”.




A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, criticou ontem Donald Trump, num discurso de campanha de Hillary em New Hampshire, pelo “comportamento sexual predatório” do candidato republicano ao se referir às mulheres.


A polémica começou na última sexta-feira quando o jornalThe Washington Post publicou um vídeo de 2005 em que Trump aparece a falar com um apresentador de televisão fazendo comentários vulgares e que já levou 40 políticos republicanos do Senado e da Câmara de Representantes a retirar o apoio ao candidato à presidência.


No discurso de ontem Michelle Obama afirmou que “não se pode ignorar” as declarações de Trump. “Não podemos jogar isso para debaixo do tapete como mais uma nota de rodapé perturbadora numa triste campanha eleitoral. Isso não foi só mais uma conversa devassa ou uma provocação de vestiário. Foi uma pessoa com poder falando livre e abertamente sobre comportamento sexual predatório e a gabar-se sobre beijar e apalpar mulheres, usando uma linguagem tão obscena que muitos de nós estavam preocupados por os nossos filhos ouvirem aquilo quando ligássemos a televisão”.


A primeira-dama dos EUA acrescenta que, “para piorar a situação, agora parece ser muito claro que este não é um incidente isolado. É um dos inúmeros exemplos de como ele tem tratado as mulheres toda a sua vida. Eu ouvi tudo aquilo e sinto-o pessoalmente. Estou certa de que muitos de vocês também sentem, particularmente as mulheres, os comentários vergonhosos sobre o nosso corpo; o desrespeito pelas nossas ambições e intelecto; a crença de que você pode fazer o que quiser a uma mulher é cruel, assustador e a verdade é que dói”.


Mulheres vêm a público denunciar Donald Trump




Depois da divulgação do vídeo de 2005, diferentes jornais norte-americanos publicaram ontem histórias de quatro mulheres acusando Donald Trump de as ter tocado e beijado sem consentimento, em diferentes ocasiões.


Os relatos se referem a acontecimentos ocorridos entre 11 e 30 anos atrás. Um dos jornais, oThe New York Times, publicou factos narrados por Jessica Leeds, que hoje tem 74 anos. Ela disse que foi molestada num voo para Nova Iorque. A outra história foi contada por Rachel Crooks, que afirma ter sido vítima de assédio do candidato à presidência dos EUA quando trabalhava como secretária do Edifício Trump, no centro de Nova Iorque.



Numa mensagem publicada no Twitter, Trump nega a versão das duas mulheres. “A história é falsa. Uma fabricação total”, disse.



A repórter Natasha Stoynoff escreveu para a revista People um artigo em que relata que foi assediada durante o período em que cobria acontecimentos relacionados a Donald Trump há 12 anos. Ela conta que uma vez foi empurrada contra a parede e forçada a beijar o empresário. Essa história foi também desmentida por Donald Trump no Twitter. A resposta do candidato indaga por que Natasha não escreveu sobre o assunto há 12 anos, quando trabalhava para a revista. “Porque não aconteceu”, prossegue a mensagem.



O jornal Palm Beach Post publicou o relato de Mind McGillivray, hoje com 36 anos, que também afirma ter sido acariciada por Donald Trump, sem ter dado consentimento para isso. Segundo ela, o assédio ocorreu há 13 anos, quando estava em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, enquanto ajudava um amigo num trabalho de fotografia.




As acusações feitas pelas mulheres ocorrem a menos de quatro semanas das eleições para a presidência dos Estados Unidos. Num momento delicado da campanha, quando começa a perder pontos em pesquisas sobre a intenção de votos de eleitores norte-americanos, Trump terá que gastar um tempo precioso para dar respostas convincentes para as acusações.