segunda-feira, 15 de setembro de 2014

POVO MORRE DE FOME ENQUANTO REGIME ESBANJA 35 MILHÕES EM FESTA PRESIDENCIAL

POVO MORRE DE FOME ENQUANTO REGIME ESBANJA 35 MILHÕES EM FESTA PRESIDENCIAL

 ANIVERSÁRIO MILIONÁRIO

William Tonet – Folha 8, 06 setembro 2014

O culto de personalida­de, a bajula­ção, a ido­latria nunca havia che­gado tão longe como em 2014, altura em que Eduar­do dos Santos completou 72 anos de idade.


O dia de aniversário de um cidadão, independen­temente, das suas fun­ções, em qualquer país normal ou democrático é uma data privada, mas em Angola sob o regime do MPLA, tornou-se no dia nacional de bajulação.


O regabofe, rebentou as costuras com a orquestra a atingir a perfeição da bestialidade. Quando a ba­julice é demais até as mos­cas se recusam a poisar na porcaria e isso acontece, numa altura em que o re­gime tem noção de estar a caminhar para uma fragi­lidade maior, pese alguns, acreditarem estar a chave da salvação na figura do seu líder. Ledo engano.


Verdade ou mentira os gastos astronómicos ava­liados em 40 milhões de dólares, saídos da reserva pública, para o aniversá­rio presidencial, são uma ofensa a maioria dos au­tóctones angolanos.


É hora do povo desper­tar. É hora do povo dizer, basta nesta podridão go­vernamental, que cada dia mais nos assassina.


Escrever, denunciar, gri­tar, bater com as panelas e tampas, liberta.


Em homenagem a Ka­mulingue e Cassule, que apesar de terem preser­vado a vida do Presidente da República, por muitos anos, enquanto militares da UGP, foram cobarde­mente assassinados, é a prova mais evidente da in­tolerância do regime.


Se nada fizermos, hoje, seremos o próximo alvo, amanhã.


A táctica do regime não mudará nunca, pois a sua melhor arma para além da discriminação, são os assassinatos selectivos, 27 de Maio de 1977 é o maior exemplo.


É preciso mudar, fazendo tudo para não se perder a crença na democracia. Se isso acontecer a porta será a dos que melhor navegam na guerra, para gaúdio da corrupção, da violação das leis, da fome, etc.


Continuemos a gritar, ain­da que as balas assassinas deste regime nos e me perseguiam. Nunca me ca­larei, mesmo que me reti­rem todos os diplomas, até mesmo os de cidadania.


Tenho plena convicção que a semente da revolta dos milhões discrimina­dos e assassinados, ger­minará um dia e eles, para nosso alento colectivo, também morrerão, muitos quiçá, pior do que nós.


O seu refrão predilecto: assassinar e atirar os cor­pos aos jacarés do Dande, não durará para sempre.


Eu acredito no fim desta podridão se formos capa­zes, em todas as barrica­das, absolutamente, todas, sem excepção, incluindo a dos verdadeiros militantes do MPLA, que a mudança para a implantação de uma verdadeira democracia re­presentativa, com institui­ções de Estado imparciais e cidadãs, são a melhor via para se construir uma An­gola nova, onde jamais ad­mitiremos a consagração do culto de personalidade, da corrupção institucio­nalizada, com protecção de uma justiça submissa e vergonhosamente desca­racterizada.