quarta-feira, 5 de março de 2014

Representantes do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe procuram apoio na Europa

Representantes do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe procuram apoio na Europa





A Delegação chefiada pelo Eng. Mubuabua Yambissa ( PhD- researcher) Representante na Europa e o Dr. Chantal Alidor Kayita-Ka-Tembo, estão em digressão pela Europa a procura de apoios e a solidariedade sobre a questão da Lunda e a sua independência como um estado independente desde 1885-1894-1955/1975.




Activistas da região das Lundas, Angola, percorrem a Europa reivindicando a soberania do Reino Tchokwe, usurpada pelo Governo de Angola. Eles buscam apoio para causa e contra as violações dos direitos humanos.



Na semana passada dois dos activistas estiveram em Lisboa, Portugal, para falarem com os deputados portugueses sobre a reivindicação do povo da “Nação Tchokwe”, ignorada pelos órgãos de soberania angolanos.



O Movimento do Protectorado das Lundas vai continuar a reclamar com persistência a autonomia da Nação Tchokwe: "Nós estamos determinados, queremos que as autoridades angolanas, juntamente com o Governo português, reconheçam que este é um protectorado, é um país independente. E, sendo assim, queremos que haja negociações connosco.”



O reino Tchokwe vigorou entre 25 de Julho de 1885 e 25 de Maio de 1894 e nada tinha a ver com Angola, explica Mubuabua Yambissa, representante do Protectorado Lunda na Europa, a fazer doutoramento em Londres, Inglaterra.




Aquando da assinatura do Acordo de Alvor, em 1975 no Algarve, a existência do protectorado foi ignorada, acrescenta.



Autonomia e não independência




Uma independência já reclamada em 2007 junto de órgãos de soberania do Estado de Angola, entre os quais a Presidência da República, a Assembleia Nacional e os Tribunais: “Em 2007 demos entrada do manifesto, entregamos a carta ao Presidente da República, as autoridades angolanas para reabilitarem as negociações sobre o Protectorado e o Presidente tentou dar uma iniciativa e de repente começaram a prender pessoas, metê-las nas cadeias, era uma intimidação, de modo que não podíamos avançar.”




Mubuabua Yambissa esteve na semana passada em Lisboa acompanhado de Chantal Alidor, para abordarem as autoridades portuguesas sobre a autodeterminação da Lunda Tchokwe: “Os nossos pais eram analfabetos, morreram e não fizeram nada e nós, como seus filhos, tentamos descobrir o que foi escondido, razão pela qual achamos melhor conversar. Nós trocamos a independência pela autonomia, porque primeiro, nascemos muitos em Angola e os angolanos também nasceram aí e temos uma irmandade."




Por isso, o activista defende a autonomia e questiona: "Achamos que independência não seria bem, mas valeria a pena pedirmos uma autonomia. Autonomia não significa independência, então porque o Estado angolano não quer essa autonomia?”



Ouvir explicações de Portugal



Ambos foram recebidos pelo ex-presidente Mário Soares e por um grupo de deputados da Assembleia da República Portuguesa. Precisa Yambissa: “Viemos conversar com algumas autoridades portuguesas para que nos expliquem sobre o caso Lunda, o que aconteceu, e porque eles anexaram a nação Tchokwe, Protectorado da Lunda à Angola.”




Os representantes das Lundas estão a mobilizar apoio internacional com vista a pressionar o Governo de Angola a reconhecer o erro cometido no passado em defesa de uma causa que consideram legal e justa.




Entre a documentação mostram um mapa da época que delimita o Reino Tchokwe. Querem por isso o envolvimento de Portugal, na qualidade de antigo país colonizador, para que seja encontrada uma solução negociada com as autoridades de Luanda –, adianta o representante do movimento.



Violação dos direitos humanos



Por outro lado, Chantal Alidor lamenta os actos de violação dos direitos humanos na região das Lundas, rica em diamantes: “A guerra já acabou, mas as pessoas continuam a morrer, as nossas mães não conseguem cultivar, basta lhes apanharem a cavar é porque querem cavar kamanga (diamantes), e matam-nas."




E Alidor prossegue, relatando as dificuldades nessa região: "Muitas delas atravessam as fronteiras e vão cultivar no Congo. Saem as 4 da manhã e regressam a casa as 22 horas, isso é muito triste. E a comunidade internacional vê isso e não se pronuncia.”



Depois de Lisboa, os representantes do protectorado seguiram para França, Bélgica e Alemanha com o mesmo objectivo. Recentemente, em entrevista à DW, a eurodeputada portuguesa, Ana Gomes, criticou as torturas e os assassinatos na região das Lundas.




A eurodeputada socialista disse na altura ao Secretariado do seu partido que era o momento de "levantar as objecções" à entrada do MPLA, o partido no poder em Angola, na Internacional Socialista, objectivo desejado há 11 anos pelo partido. Iniciativa também apoiada pela UNITA, maior partido da oposição angolana.



Fonte: DW