quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MAIS UM FILHO LUNDA TCHOKWE TORTURADO EM NOME DOS DIAMANTES NO CUANGO





Guardas da empresa privada de segurança Bicuar torturaram, a 17 de Outubro, o garimpeiro Roques David, depois de o terem aprisionado na área de Candaje, nas imediações da foz do rio Cuango.


Roques David foi obrigado a despir toda a roupa e em seguida torturado pelos guardas com golpes de pá em todo o corpo. O garimpeiro apresentava ferimentos na cabeça e naS costas resultantes das agressões a que foi submetido.


Roques David foi detido por um grupo de quatro guardas da Bicuar quando se dirigia para a zona de garimpo de diamantes de Candaje em companhia de outros garimpeiros. Os homens preparavam o pequeno-almoço quando foram surpreendidos pelo grupo de guardas da Bicuar e puseram-se em fuga. Roques David tentou fugir correndo até a margem do rio Cuango mas foi detido pelos guardas.


Depois de torturado, o garimpeiro foi solto e foram-lhe devolvidos os materiais de garimpo, incluindo baldes e pás.


Um outro garimpeiro do mesmo grupo, Samassone Kamoyo, de 27 anos, ter-se-á atirado ao rio Cuango durante a fuga e continua desaparecido.


Roques David, de 35 anos, natural de Capenda Camulemba, é residente em Cafunfo.


Guardas da Bicuar, empresa ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, têm estado repetidamente envolvidos em vários actos de violência contra garimpeiros e aldeães na região de Cafunfo.


A Bicuar substituiu, desde Março de 2012, uma outra empresa – Teleservice – na prestação de serviços de segurança à Sociedade Mineira do Cuango, que explora diamantes na região. Segundo informações apuradas por Maka Angola, a Bicuar tem merecido a protecção directa do comandante provincial adjunto da Polícia Nacional na Lunda-Norte, José João, que regularmente se desloca às áreas de operação para cuidar dos interesses da referida empresa.

 

Várias denúncias têm sido feitas à impunidade dos gestores da Sociedade Mineira do Cuango, uma empresa de exploração de diamantes formada pela Endiama, a ITM-Mining e a Lumanhe. Esta última, que detém 21 porcento da sociedade, é conhecida como “a empresa dos generais”. Constam, entre os seus sócios, o chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”.

 


A região diamantífera das Lundas tem sido palco de sistemáticas violações de direitos humanos, incluindo dezenas de casos de tortura e assassinato, perpetrados por membros das Forças Armadas Angolanas e guardas de empresas privadas de segurança ao serviço das empresas diamantíferas, particularmente a Sociedade Mineira do Cuango.