terça-feira, 1 de janeiro de 2013

MUHUNGA É ISOLADA DO RESTO DA LUNDA, UM INFERNO QUE NÃO TEVE FESTAS DE FIM DO ANO 2012


MUHUNGA É ISOLADA DO RESTO DA LUNDA, UM INFERNO QUE NÃO TEVE FESTAS DE FIM DO ANO 2012





Muhunga é um Bairro no interior da Lunda-Sul, ao norte da comuna de Mona Quimbundo, a cerca de 35 Km da cidade de Saurimo, nas florestas do rio Luele e seus afluentes, um Bairro ou aldeia sem saída a estrada principal Luanda-Lundas.




O caminho para se chegar a aldeia do Muhunga é feita por trilhozinho via bairro Pimbe, através do rio Luzia, Mualuango e alguns riachos até chegar. A viagem até aldeia de Bicicleta pode durar 8 horas, de motorizada cerca de 4 horas, a via é péssima.




Aqui vive entre 50 á 60 famílias camponesas, a aldeia não tem escola, não tem posto médico, nem loja ou cantina para a compra de bens de primeiras necessidades. Os produtos básicos são adquiridos na cidade de Saurimo. O mais grave, há dois modos de sobrevivência para essa população: a agricultura de subsistência, a pesca artesanal e a caça.




O soba Muhunga e a sua gente existem desde o tempo colonial e na mesma localidade, há 37 anos que estão condenados a não fazerem festas por ocasião do fim de ano, o governo Angolano, ignorou essa gente completamente, que vivem sem as mínimas condições humanas.




A Governadora da Lunda-Sul, Cândida Narciso, nunca visitou esta aldeia, nunca o fará porque não existe estrada para lá. Não é prioridade da sua governação.




Visitamos a aldeia na véspera de natal de 2012 e, encontramos uma cena caricata, como esta que se segue: “o camponês Tchitelembe Muambumba vive numa cabana de um só quarto, com a cama ao lado de uma fogueira, por cima de um secador tradicional de bombo, dorme nesta cama com mais dois filhos; Sapalo de 5 anos e Tchitungueno de 7 anos e a esposa”, encontramos o camponês de calças rasgadas e uma camisa que era branca que se tornou castanha escura de sujidade, a mulher nas mesmas condições e os filhos pior ainda.




O Soba Muhunga nos confessou que as mulheres da sua aldeia, por falta de condições económicas, para lavar a roupa usam folhas de árvores como sabão em pleno século XXI. Porque tanto alarido de um desenvolvimento que não chega a todos.




Nestas condições estão as mais de 50 famílias da aldeia, total exclusão social e o agravamento da pobreza, uma humilhação que abrange mais de 95% da população das Lundas.



Durante a nossa estadia de quase 10 horas na aldeia, podemos observar um grupo de cerca de 20 crianças entre 5 á 12 anos de idade, descalços, nuns e assustados sobre a nossa presença. Não vimos nenhuma destas criaturas com bonecas ou outro tipo de brinquedos, como outras crianças do resto de Angola nesta quadra festiva.




Um dos objectivos do milénio defendidos por regime Angolano é o direito das crianças, a estas lhes foi tirada e violada pelo próprio regime. Os dirigentes do regime não têm ideia da situação de penúria, da miséria e nudez que graça nas populações do interior da LUNDA.




Esta população isolada do resto da Lunda e do mundo, não teve sorte da maioria da população Angolana que festejou com pombas e circunstancias o natal e o fim de ano de 2012, não existirá esperanças, as de que o Sapalo e Tchitungueno algum dia venham festejar estas dadas.



Por Samajone na LUNDA