domingo, 25 de março de 2012

Conversa com camaradas do MPLA - Por Marcolino José Carlos Moco

Não é como membros do nosso partido, o glorioso MPLA, como tal, que vos falo. Falo-vos como homens vivos, homens de carne e osso, por isso com defeitos e virtudes; sobretudo homens e mulheres companheiros meus em jornadas imemoráveis nas “batalhas pela vida”, parafraseando o nosso Neto.
Olhem para essa foto em que estou ao lado do Filomeno. Isto nos dignifica?

Camaradas João Pinto, Rui Falcão, João Melo, Bento Bento, Norberto do Comité Provincial de Luanda; vocês vão aparecer nos próximos dias na comunicação social a defender isso?

Também tu, camarada Gigi, irás defender esta coisa, como o fazes em relação a absurda nomeação de uma advogada (quando a Lei impõe um(a) juiz (a)) para Presidente do CNE, que ostensivamente já entrou em funções, numa situação em que praticamente se chama de estúpidos a todos os angolanos? É isso que um partido enorme como o MPLA precisa para não deixar espaço aos outros como dizes? Por amor de Deus!

Por favor, por causa desta conversa convosco, não me venham mais dizer que quando eu estava na direcção não abri a boca. Como, se nessa altura nunca aconteceram coisas tão absurdas? Nessa altura quem me parecia fazer coisas absurdas era a UNITA de Jonas Savimbi, homem que agora começa a suscitar a admiração positiva de muitos angolanos, sobretudo de jovens e aqui na grande capital, Luanda, baluarte do MPLA. É verdade que nem eu nem outros camaradas eramos santos, nessa altura. Não acham que agora se está a ir longe demais?

Felizmente, cada vez mais, não sou o único da Grande Família M que se vai preocupando de forma expressa contra estas coisas tão estranhas para nos serem atribuídas. Todos os dias recebo mensagens dos mais variadas camaradas de todos os níveis, a solidar-se com as minhas posições. Ainda não estão em condições de falar alto, e eu entendo, pelo esforço enorme que eu próprio tive de realizar para me armar espiritualmente e assumir as posições que eu hoje assumo. Não sei exactamente se terá sido nessa mesma linha que se terá pronunciado o camarada Lukoki (com quem já não me encontro há bastante tempo) numa sessão do CC. Seja como for, o que oiço sobre isso é algo encorajador e parece encaixar na minha “Angola: a terceira alternativa” publicada no meu site/blog, www.marcolinomoco.com em meados de Janeiro.

Felizmente, hoje mesmo acabo de apor o meu nome num abaixo-assinado (inspirado nesta imagem vergonhosa, inaceitável e horrorosa) da iniciativa de gente da Grande Família como a Cristina e o Jacques dos Santos, e sei agora que co-assinado por gente ilustre da Grande Família M, como essa nossa relíquia que se chama Agostinho Mendes de Carvalho, o Pepetela, entre outros que se juntaram às vozes revoltadas da sociedade civil. É a consciência que nos chama. Antes de sermos desta ou daquela família organizativa, somos seres humanos.

Disse-me a Cristina que muitos mais assinariam se a cidade e o tempo não fossem tão complicados.



Caros camaradas
Roberto de Almeida, Mendes de Carvalho, Lopo do Nascimento, Binda e Inga, Pitra Neto, Dino Matross, Maria Mambo, França Ndalu, França Van-dunem, Kundi Paihama, João Matos, Bornito, Maria Eugénia, Ruth e Irene Neto, Norberto Kuata-Kanawa, Kassoma, João Lourenço, Pacavira, Ngongo (não há aqui nenhuma ordem hierárquica ou tentativa de exaurir todos os nomes relevantes, apenas movido pelo impulso de quem está a pensar alto e a escrever, lembrando-se dos nos nomes de que se lembrou, talvez porque com eles mais se relacionou e se relaciona):
Peçam ao Camarada Presidente que pare de ser movido por pessoas cheias de medo. Tudo pode ser resolvido de outra maneira. Garanto. Que ninguém tenha medo do seu passado, porque podemos iniciar uma nova jornada com todos os outros angolanos.
Posso não juntar-me a vós, porque parece que há quem pense que estou carente de protagonismo e possa atrapalhar.
Vocês, por favor, reúnam com ele, informalmente, e mandem parar essas atitudes sem sentido nenhum e sem mais paralelo entre Estados progressivos que se considerem dignos desse atributo.


Medo dos miúdos das manifestações? Estão aqui comigo na fotografia.


Vieram pedir-me apoio jurídico pela forma como são maltratados de todas as maneiras e feitios. Eles e outros grupos de jovens com quem estão solidários. Não digo os nomes de seus pais, porque quem sabe, eles (os seus pais) não gostem! São nomes importantes de famílias de Luanda, por isso são nossos próprios filhos. Só querem uma coisa: como a ordem jurídica angolana lhes confere, participar na construção de um futuro que lhes pertence, mais a eles do que a nós. Um futuro mais solidário e menos egoísta. Nem parece que somos nós que ainda há pouco, defendíamos um socialismo quase igualitarista!

Por favor, não levem este ambiente até as próximas eleições. Continuarem com as ilegalidades iniciadas com a aprovação da Constituição de 2010 e partirem as cabeças e braços de quem se manifeste pacificamente contra! Não!


Parem com isso! Angola não merece isso outra vez!

Luanda, aos 16 de Março de 2012

Marcolino Moco